domingo, 30 de agosto de 2009

Mais lirismo (desta vez, pobre, fosco e bruto)

Enfim apresento aqui a postagem estimulada pelo texto de Álvaro de Campos. Como não podia deixar de ser, trata-se de mais um texto lapidado em estrofes e versos. Só não esperem que eu tenha habilidade em lapidar versos assim como Fernando Pessoa. E além de ser pobre, fosco e bruto, o texto não tem título e talvez não esteja acabado.



Hoje também deparo-me com uma rua precisamente real,
Através de uma janela insignificante, dentro de um quarto fechado,
Percebendo tudo com sentidos não-confiáveis
E pensando em tudo com uma mente entorpecida
Pela razão e pelo delírio.

Contudo, não me sinto (como tu)
Derrotado, com os pés e as mãos atadas,
Incompreendido e incompreensível,
Gênio das descobertas ocultas, filósofo de segredos,
Conquistador do nada.

Sinto apenas um tédio diante das coisas.
Inventam tanta fórmula, tanto método, tanta ciência.
Industrializam (até) o abstrato.
Gastam tanto o tempo com objetivos práticos e racionais
Que mais nada é feito com real valor,
Com real vontade ou real beleza.

Não vejo brio nos homens, nem em mim.
Vejo apenas almas e mentes pobres e encolhidas.

De repente, sem pensar, querer ou sentir
Abro a janela do quarto.
O vento, então tímido, circula suave,
A poeira, tão leve, começa a remover
E sinais de todas as frequências são captados.

Sem me dar conta, a janela,
Antes tão emperrada quanto Excalibur,
Agora está escancarada e a brisa vira redemoinho.
E o universo reconstruiu-se-me simples e nu.
As coisas práticas, o tédio e a pobreza d'alma
Tornaram-se apenas irritante ruído.

Respiro-me novo e consciente,
Com uma idéia fixa e concreta,
Ocupando a mente, ardendo o peito.
E assim, ainda que tarde, desperto-me para mim
E para ti

L. C. D. M. F. Boechat

sábado, 29 de agosto de 2009

Lirismo para sábado de manhã

Apenas apresento aqui um poema de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa. Um excelente texto que servirá de mote para uma postagem futura. Espero que aproveitem!

      TABACARIA

    Não sou nada.
    Nunca serei nada.
    Não posso querer ser nada.
    À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

    Janelas do meu quarto,
    Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
    (E se soubessem quem é, o que saberiam?),
    Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
    Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
    Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
    Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
    Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
    Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

    Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
    Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
    E não tivesse mais irmandade com as coisas
    Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
    A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
    De dentro da minha cabeça,
    E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

    Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
    Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
    À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
    E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

    Falhei em tudo.
    Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
    A aprendizagem que me deram,
    Desci dela pela janela das traseiras da casa.
    Fui até ao campo com grandes propósitos.
    Mas lá encontrei só ervas e árvores,
    E quando havia gente era igual à outra.
    Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?

    Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
    Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
    E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
    Gênio? Neste momento
    Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
    E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
    Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
    Não, não creio em mim.
    Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
    Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
    Não, nem em mim...
    Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
    Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
    Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
    Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
    E quem sabe se realizáveis,
    Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
    O mundo é para quem nasce para o conquistar
    E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
    Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
    Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
    Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
    Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
    Ainda que não more nela;
    Serei sempre o que não nasceu para isso;
    Serei sempre só o que tinha qualidades;
    Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
    E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
    E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
    Crer em mim? Não, nem em nada.
    Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
    O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
    E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
    Escravos cardíacos das estrelas,
    Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
    Mas acordamos e ele é opaco,
    Levantamo-nos e ele é alheio,
    Saímos de casa e ele é a terra inteira,
    Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

    (Come chocolates, pequena;
    Come chocolates!
    Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
    Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
    Come, pequena suja, come!
    Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
    Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
    Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

    Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
    A caligrafia rápida destes versos,
    Pórtico partido para o Impossível.
    Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
    Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
    A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
    E fico em casa sem camisa.

    (Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
    Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
    Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
    Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
    Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
    Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
    Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
    Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
    Meu coração é um balde despejado.
    Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
    A mim mesmo e não encontro nada.
    Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
    Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
    Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
    Vejo os cães que também existem,
    E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
    E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

    Vivi, estudei, amei e até cri,
    E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
    Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
    E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
    (Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
    Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
    E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente

    Fiz de mim o que não soube
    E o que podia fazer de mim não o fiz.
    O dominó que vesti era errado.
    Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
    Quando quis tirar a máscara,
    Estava pegada à cara.
    Quando a tirei e me vi ao espelho,
    Já tinha envelhecido.
    Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
    Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
    Como um cão tolerado pela gerência
    Por ser inofensivo
    E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

    Essência musical dos meus versos inúteis,
    Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
    E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
    Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
    Como um tapete em que um bêbado tropeça
    Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

    Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
    Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
    E com o desconforto da alma mal-entendendo.
    Ele morrerá e eu morrerei.
    Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
    A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
    Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
    E a língua em que foram escritos os versos.
    Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
    Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
    Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,

    Sempre uma coisa defronte da outra,
    Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
    Sempre o impossível tão estúpido como o real,
    Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
    Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

    Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
    E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
    Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
    E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

    Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
    E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
    Sigo o fumo como uma rota própria,
    E gozo, num momento sensitivo e competente,
    A libertação de todas as especulações
    E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

    Depois deito-me para trás na cadeira
    E continuo fumando.
    Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

    (Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
    Talvez fosse feliz.)
    Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
    O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
    Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
    (O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
    Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
    Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
    Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

    Álvaro de Campos, 15-1-1928

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Mussum Forévis!

Tem alguém aí que não conhece o Mussum? É mêmis? Cacildes!!!

Por força do destino, enquanto navegava no Youtube, acabei assistindo vídeos dessa emblemática personagem que é o Mussum. E percebi que Mussum não foi apenas um humorista, uma figurinha famosa. Mussum é uma entidade cultural! Suas raízes musicais no samba, (sim, Mussum foi músico: vide Originais do Samba) seu jeito malandro e sua fala peculiar com certeza formam uma das múltiplas faces do povo brasileiro, marcando a originalidade e a inventividade deste.

Um pequeno tributis!





Agradecimentos aos responsáveis pela divulgação do vídeo.


L. C. D. M. F. Boechat

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Nostalgia, Música e Voz

Mais um da saga: "O que você é capaz de fazer com sua voz e alguns instrumentos?", post pra descontrair e aproveitar pra apresentar e divulgar mais um vídeo de um pessoal que manda muito bem!
É um pouco nostálgico. Pra quem gosta de uma boa velharia (como eu), um prato cheio!
Aposto que você vai assobiar junto com a música! rs

Confiram também no site: Ukulele Orchestra of Great Britain e assistam "Wuthering Heights".



Ah... Vale a pena assistir de novo aquele grupo que faz tudo com a voz que postei aqui um tempo atrás: The Voca People

E o vídeo é só pra manter atualizado mesmo. Logo logo volto com uma postagem mais alto nível. rsrs.

xD
T. Horta

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Coluna Musical - Rock Rural

O título não está errado. Pode ler de novo para confirmar. Há coisas na música brasileira que nem os mais sonhadores conseguiriam prever.

A coluna musical trata hoje do som idealizado por Sá, Rodrix & Guarabyra, três artistas que resolveram formar um grupo em 1971 e apresentar parte do universo sertanejo para o Brasil, cultura que era marginalizada até o momento.

Luís Carlos Pereira de Sá e Guttemberg Guarabyra eram artistas solo, ja haviam participado de festivais (eventos musicais muito comuns na década) e composto músicas de sucesso. Zé Rodrix era integrante do grupo Som Imaginário, que é assunto interessante para uma outra coluna musical, e também já havia participado de festivais. Juntos, gravaram dois discos, "Passado, Presente e Futuro" e "Terra", e participaram de coletâneas e festivais.

Do repertório do trio, constam muitas canções que marcaram época. Uma das mais famosas, "Casa no Campo", tornou-se sucesso na voz de Elis Regina e, por causa de um trecho da sua letra, originou a expressão rock rural, usada para identificar o peculiar estilo do trio.



Além das influências do rock e do sertanejo, a música de Sá, Rodrix & Guarabyra apresenta muitos elementos herdados do blues, do folk e do country. A linguagem empregada nas letras é marcada pelo cenário do campo e da estrada, sempre empregado muito lirismo e abordando uma vida livre. Por conta desses fatores, o movimento hippie no Brasil adotou muitas canções do grupo como trilha sonora.



São canções de destaque: "Casa no Campo", "Hoje ainda é dia de rock", "A Primeira Canção da Estrada", "Mestre Jonas", "Cumpadre Meu", "Pindurado no Vapor", "Ama Teu Vizinho" e "Os Anos 60".

Por conta dessa mistura entre um som que se tornou urbano, o rock, com a temática sertaneja, o trio criou raízes na cultura dos dois ambientes e abriu caminho para que a cultura sertaneja tivesse maior importância.



O grupo se separou em 1973. Zé Rodrix seguiu uma carreira de sucesso como publicitário, compondo jingles, e como produtor cultural, deixando suas atividades de cantor em segundo relevo. Sá e Guarabyra formaram uma dupla de muito sucesso cantando belos temas, em destaque a canção "Sobradinho".

Os três ainda se reuniram para a gravação de um disco e de um DVD, "Outra Vez na Estrada", em 2001. Nesse trabalho, há algumas composições novas mescladas com sucessos antigos.

Definitivamente, o trabalho desses artistas é um marco na música brasileira. Um trabalho que deve ser apreciado sempre por causa de sua qualidade e originalidade. Para encerrar a postagem, a música que talvez seja a mais bela de todas.



Agradecimentos às pessoas que disponibilizaram os vídeos na internet.

L. C. D. M. F. Boechat


segunda-feira, 10 de agosto de 2009

I'm sorry ou Férias 2.0



Após um longo sumiço, retorno a este blog com pedidos humildes de desculpas pela longa ausência, deixando este espaço ao léu, como um menor abandonado. Nesse período, misturaram-se minhas idéias, fugiram minhas palavras e me senti incapaz de produzir um texto decente. Ficou claro e evidente que era melhor reorganizar as idéias e depois retornar de forma leve.

Nesse período, experimentei intensamente o ócio e percebi sua importância para a boa qualidade de vida. Particularmente, sou uma pessoa que gosta de participar e produzir algo. Acredito que sempre temos que procurar algo para fazer, seja viajar, estudar algum assunto interessante, buscar novos relacionamentos, aprender um idioma, tocar algum instrumento... Se há uma coisa detestável é a estagnação. Mas ela se torna necessária quando a atividade é muita e a energia é pouca.

O cotidiano hoje é vivido de forma tão prática e objetiva, visando sempre produtividade, quebra de recordes, alcance de metas, que as pessoas esquecem da importância de se desligar, esquecer de si, deixar rolar. Junto a isso, surgem aquelas matérias de revistas e televisão falando sobre o alto nível de estresse da sociedade, as pessoas lamuriam eternamente a falta de tempo, todos ficam mais nervosos e o cotidiano segue como uma panela de pressão. Mas nada é feito para mudar o ritmo e encontrar alternativas para melhorar a qualidade de vida.

Por isso, reitero o post anterior e suplico: agradeça os períodos mais improdutivos, as tardes calmas e modorrentas, os filmes de entretenimento barato e as músicas preguiçosas. São bens caros e raros. Só tome cuidado para o estado stand by não se tornar OFF.




L. C. D. M. F. Boechat

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Férias


Com as férias mais longas por motivo de saúde pública(a tal gripe suína ou gripe A, H1N1, seja lá qual for o nome queiram dar pra tal gripe), até deu tempo de escrever sobre o assunto FÉRIAS!

Nossa, nada é mais desejado por quem trabalha ou estuda do que as merecidas férias. Apesar da idéia fixa: "preciso de férias, pelo amor de Deus" que assombra a cabeça de todo mundo quando o 'bicho pega', é recorrente pensar que as férias estão um tédio sempre acontece depois de um tempinho fazendo NADA.
Mas peraê, esse "fazer nada" é relativo.

Fico lembrando de quando era criança e tinha a temerosa redação de férias logo no primeiro dia de aula, fazer nada era o terror nas férias. Imagina só entregar a redação de volta às aulas desse jeito: "Não fiz nada nas férias". Chato né? Se é pra você que tá lendo, imagina pra uma criança de uns 10 anos que escreve isso e ainda é atormentado quanto a professora resolve pedir pra todo mundo ler a redação em frente a turma? Legal, né? Mas dá pra olhar pra situação com os olhos um pouco diferentes. Fazer nada, num é de tudo chato. Tá, vai lá, não que minha opinião vá mudar algo, mas ao menos eu passei a achar graça no "Não fiz nada nas férias".

Dormir tarde, dormir muito, acordar tarde, comer muito, muita Internet e jogos, novela, filme, desenho animado, livros inúteis, jogar conversa fora com os pais, sair pra papear com os amigos sem preocupação com nada, dançar, ouvir música, cinema, teatro, se meter a mestre cuca e resolver cozinhar no meio da madrugada, dar umas risadas sozinho lembrando de algo bobo que você tinha atropelado na correria do dia-a-dia. Tá, você não viajou, não foi NAQUELA festa, não conheceu gente nova, não "bombou", não fez aquele curso que estava planejando, não tirou carteira de motorista, não arrumou um namorado, não renovou o guarda-roupa, não fez aquele check-up médico prometido, não fez aquele regime, não estudou ou adiantou aquele serviço bravo que vai ter que enfrentar no retorno. Mas vai falar que você não fez NADA? No fim das contas, alguns dias fazendo esse nada aí te renovam pra enfrentar o resto do ano inteiro. Não tá convencido? Então porquê será que apesar de tudo, todo ano você suplica por férias, mesmo sabendo que não vai fazer nada? Ai ai subconsciente inteligente esse nosso!

É, talvez no balanço geral, minhas redações de volta às aulas me ensinaram algo ao longo dos anos. Fazer nada é muito! Aprendi isso tão bem que ontem assisti "Todo Mundo Em Pânico 4" na TV e hoje devorei um livro da qual não vou aproveitar nadinha além de algumas horas de puro entretenimento (Mentirinhas Inocentes - Gemma Townley).
E quer saber, vou aproveitar esses dias a mais pra fazer mais um "pouquinho de nada". Alguém aí quer experimentar um café da tarde preparado pela chefe de cozinha Thamyris Horta?

xD
T.Horta